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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Livro retrata cotidiano das catadoras de papel em Arapongas

Uma obra capaz de mostrar as coisas simples e belas da vida de um grupo de mulheres que integram a Associação dos Coletores Ambientais de Arapongas (Ascar). Assim é o livro “Mulheres Admiráveis”, de Édina Kümmel e Sandra Gasparotti, que será lançado neste sábado (17), às 20 horas, no Espaço Cultural Videotec, em Arapongas.

Em produção desde o ano passado, a obra é uma coletânea de fotos e poemas retratando o cotidiano de várias mulheres bem conhecidas na cidade, onde são vistas diariamente empurrando seus carrinhos com papelão e outros materiais recicláveis.

As autoras foram além do mero registro da imagem: mergulharam no mundo dessas mulheres para contar quem são elas, de onde vieram, como vivem e que sonhos elas têm mesmo com a vida que levam. “Elas nos dão a lição de que cada pedaço de papel amassado pode se transformar em pão e esperança. São um símbolo de tantos cidadãos que constroem anonimamente esse País”, dizem as autoras na abertura.

Em 1998, o Departamento de Cultura do município, então sob o comando de Édina Kümmel, iniciou o projeto Mulheres Admiráveis, destinado a homenagear as pioneiras da cidade. “Através da história dessas mulheres, de seus depoimentos, fotos e objetos de época, foi possível montar um acervo que retratava suas trajetórias na colonização do Paraná”, afirma Édina Kümmel. Durante quatro anos consecutivos foram realizadas pesquisas e exposições sobre essas Mulheres Admiráveis que contribuíram de forma decisiva para fundar o município e a região Norte do Paraná.

Em 2009, as homenageadas foram as catadoras de papel da Ascar, através de uma mostra fotográfica. Sandra Gasparotti, fotógrafa e advogada, foi convidada por Édina Kümmel e aceitou o desafio. “A repercussão foi tão positiva que resolvemos partir para um projeto mais amplo”, conta Sandra. Elas entraram em contato com o produtor e gestor cultural Rogério Carnasciali, de Apucarana, que enquadrou o projeto na Lei Rouanet.

RECICLAR-SE

Ao longo do livro, a história da catadora de papel que nunca sai para a rua sem esmalte nas unhas, pulseiras, anéis, brincos, colares e batom, tudo combinando com a roupa. Ou a história de outra, que foi proibida pelas amigas de continuar na luta devido à idade avançada. Arrasada a princípio, depois esbravejou, alegou “discriminação” e conseguiu se manter na cooperativa aos 86 anos de idade! E o que dizer da história da mulher que gasta boa parte do que ganha com os cães que encontrou na rua e levou para casa? Seu sonho é montar um SPA, nome que ela dá para a sua “Sociedade Protetora dos Animais”... Essas e outras histórias, ilustradas com belas fotos, seguem pelas 98 páginas do livro, numa leitura leve e divertida.

“Fotografar as catadoras de papel foi uma experiência enriquecedora, que me tirou dos salões de eventos, das sofisticadas reuniões sociais, para viver uma realidade bem diferente. Experiências assim tornam mais elásticos os horizontes da nossa existência e nos fazem compreender melhor as coisas do mundo e o mundo das coisas”, diz Sandra Gasparotti. Feito em papel couchê, capa dura, a obra foi patrocinada pelo Grupo Pennacchi, Moinho Arapongas e Ciavena.

O projeto tem também um cunho social: parte da renda do livro – que será vendido a R$ 30 na noite de lançamento e a R$ 50 posteriormente – será revertida para as mulheres que participaram do projeto.


“As admiráveis catadoras de papel desempenham a importante tarefa de recolher o material que polui nossas ruas e quintais, que contribui para a degradação do meio ambiente, e que lhes dá o sustento para suas famílias. No desempenho diário de suas andanças, elas reciclam o lixo e suas vidas”, diz a médica e teatróloga Nitis Jacon, que assina o prefácio. Para depois provocar: “Vamos reciclar nossos conceitos?”.